domingo, 17 de maio de 2009

Positive Vibrations

Eu tenho me observado ultimamente, nos últimos 15 anos para ser mais preciso, e notei que sou bastante influenciável. Não por todos, algumas pessoas tem um poder de persuasão maior do que outras, mas não é desse tipo de influência a que me refiro. Por que o que me influencia mesmo, é a atmosfera de algum lugar, me deixando alegre, triste, intimidado, encorajado, com vontade de sair correndo pelado, enfim, mexendo de algum jeito com a minha cabeça.
Eu posso estar totalmente alegre, e do nada ficar triste; ou estar triste e do nada ficar feliz; ou do nada ficar com vontade de fazer alguma coisa (os maliciosos de plantão talvez podem se vangloriar agora, já que é possível que tenham captado corretamente a malícia que eu quis passar). Dependendo da música, da temperatura, da cotação do dólar e da quantidade de compromissos da semana seguinte.
Durante a observação que eu fiz de mim mesmo, então, também notei que certos lugares me deixam deveras deprimido. Quando passo, por exemplo, perto da entrada do shopping aqui da minha cidade, me sinto com cinco centímetros de altura, todas as pessoas ao meu redor parecem querer que eu seja atropelado na próxima esquina e todos os maloqueiros e mendigos parecem mentalizar alguma forma de me assaltar ou espancar. A sensação me persegue, até a entrada do sebo que eu freqüento. Ali, de alguma forma, a atmosfera é mais leve e eu consigo respirar aliviado (apesar do intermitente cheiro de livro velho carcomido de traças). Energias positivas, diriam os hippies.
Mas, de uma vez por todas, o que é essa tal energia positiva?
Primeiro seria interessante descobrir de que energia eles falam. Térmica, química, mecânica, elétrica... não parece ser nenhuma dessas. Correntes esotéricas adoram dar explicações científicas para as coisas que não entendem, dando uma certa credibilidade para as próprias crenças absurdas (e para os produtos das suas lojas).
Dizer que o que causa estresse nas pessoas é o acúmulo de energias negativas no corpo é um exemplo das coisas que eles falam. É possível que exista algo a ver, mas o ponto que eles enfatizam é o “negativas”. Oras, a carga do elétron é dita negativa por pura convenção, poderíamos tranquilamente dizer que na verdade quem tem carga negativa é o próton, mas isso iria contra séculos de afirmação do contrário.
A negatividade de um humor, então, nada tem a ver com essas explicações bestas. Nem a energia vital da pessoa (alguém aí lembra do kame-hame-há do Goku?) tem a ver com isso, se é que existe. O humor da pessoa é algo controlado por dentro, nada tendo a ver com o que existe fora da cabeça da pessoa.
Os estímulos externos desencadeiam emoções na gente, mas somos nós que temos que decidir se isso vai ou não estragar o nosso dia. Um bom dia só depende de nós, que somos quem irá decidir a quais coisas devemos dar importância, as boas ou ruins, e até mesmo se devemos dar importância a alguma coisa. Seria legal se algum fanático descobrisse que a sua tão amada energia positiva depende na verdade de uma certa capacidade de controlar as reações químicas neuronais, e não da vontade divina de obscurecer a sua aura.

Então pessoas, é isso que eu quero dizer pra vocês hoje, resumidamente:
- se quiserem ser felizes, vocês podem ser felizes;
- esoterismo fede, ciência rules.

Um abraço!

PS: se algum amigo fanático seu ler isso por cima do seu ombro e quiser saber o meu endereço, desconverse e mude assunto. A minha integridade física agradece, ;)

4 comentários:

chris mazzola disse...

Marcus, concordo com você em muitas coisas ditas.
Acho que somos sim influenciáveis pelas pessoas, locais e energias.

Está correto em dizer que dependemos solamente de nós mesmo para sermos - de fato - felizes.

Mas devemos considerar (e muito) os fatores externos influenciadores. Embora não seja uma força definitiva, é uma energia que possibilita opções e consequências diferentes. Ela interfere diretamente em nossas decisões tendenciando muitas vezes para direções opostas às escolhidas.

(nossa que complexo!) será que consegui expressar direito?

abs!

Antônio Dutra Jr. disse...

Bah, já tá escrevendo "deveras" no texto... Meu guri tá crescendo!

Tchê, sobre o assunto em si, nem vou formar opinião. Só quero dizer que teu vocabulário tá delicioso de ler, encheu meus olhos!

Abraço!

Wellington Machado disse...

Cara,

Gostei muito do texto! É leve, é fácil e muito bom de ler.

O meu humor é bem inconstante, talvez por isso eu concordei com tudo.

Abraço.

Kari disse...

Quando começou a falar em eletrons, prótons e-sei-lá-mais-o-que, eu me perdi...
Sabe como é... Química, física, matemática... Não é bem a minha área...

E ei... Vou te mandar um e-mail com tudo, mas é que eu tô sem tempo, visse? Assim que puder parar mesmo eu te mando, visse? E claro que eu quero um livro teu, guri! E autografado, claro!

Beijão pra tu