sexta-feira, 23 de julho de 2010

Férias de Inverno

Não são muitos os que ainda vêm aqui, e eu mesmo sou um blogueiro insensível que não tem passeado pelos blogs amigos nem para dar um oi (até o ponto em que é possível “vir” até um site, “passear” por blogs ou “dar um oi” pela internet; mais estranho que escrever isso é saber que não geraria estranheza nenhuma se eu não comentasse), mas, para os alegres leitores que ainda estão aí, ou para os que acabaram de chegar, meu muito obrigado por estarem onde estão. É muito bom saber que tem alguém que lê o que eu escrevo, mesmo que seja raramente que ambas coisas aconteçam (eu escrever e alguém ler o que eu escrevo).

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Uma teoria científica é diferente da ideia que geralmente se tem de “teoria”, algo hipotético e frágil. Uma teoria científica é uma explicação de alguma coisa, que consegue dizer corretamente como essa alguma coisa vai se comportar se você fizer ela ser estimulada de determinado jeito. Uma teoria científica é sempre inocente até que se prove o contrário, ou seja, enquanto não aparecer uma teoria melhor, é a antiga que prevalece; como, pela lógica, novas teorias são sempre mais próximas da Verdade do que as teorias antigas, o que acontece é que se uma teoria, hoje, é tida como correta, ela provavelmente está correta mesmo, a menos que apareça algum gênio com uma ideia melhor.

Por exemplo. Até o início do século passado ninguém pensava se o tempo passava rápido demais ou lento demais; todo mundo tinha o mesmo tempo, sem choro. Mas então veio Einstein com a Relatividade e tocou todo o conceito de tempo imutável no lixo, pisou em cima da lixeira, tocou fogo no que restou e espalhou as cinzas em uma sala escura, onde entrava um filete de luz pela janela, e deu uma aula sobre o movimento browniano das partículas de poeira por lá.

Aí as coisas fizeram sentido. Afinal, não era possível que, com um tempo imutável, o tempo parecesse tão curto de manhã quando você está atrasado pra sair ou tão longo quando você está louco para voltar para casa. Ou porque o caminho fica três vezes mais longo quando você está cansado, apesar de ter de fazer o mesmo caminho todos os dias.

Mas como isso é só uma teoria (das boas, mas ainda assim com as imperfeições inerentes às criações humanas), já estão querendo desbancá-la. Atualmente o submundo dos cientistas está fervendo atrás de uma Teoria de Tudo, algo assim que explicaria desde por quê o universo se expandiu assim e não assado até por quê a graça da programação de TV de domingo tende à zero. Uma das teorias que surgiram, julgo eu, em uma reunião de físicos teóricos, em que deve ter rolado muita marijuana e etcéteras (muitas etcéteras), é uma que simplesmente gospe no tempo.

Na verdade, segundo essa teoria, o tempo não existe, é apenas uma relação entre as coisas. Tipo o dinheiro, que não tem valor algum em si, mas serve para comparar coisas que tenham valor; só faz sentido dizer que um par de tênis custa R$100 porque a gente sabe quanto custam outras coisas. E essa é uma explicação de um leigo que leu uma explicação um pouco menos ruim em uma revista que fez um apanhado geral sobre o assunto, ou seja, a quantidade de verdade que você está lendo nesse parágrafo é inversamente proporcional ao que seria exigido em um texto sério. Portanto, se quiser algo mais confiável, leia a Scientific American (desse mês, eu acho).

Agora eu consigo pelo menos justificar para mim mesmo por que os trabalhos que meus queridos professores me deram para fazer nas férias ainda não estão feitos. Eles, aparentemente, não estão sabendo das reviravoltas científicas e acham que eu sou totalmente capaz de dilatar o tempo e assim fazer tudo dentro do prazo; mas, como agora já sei, eu nunca tive tempo de fazer trabalho algum, por que o Tempo não existe!

Ai, essa Física Moderna ainda me mata.

Vou ir dormir umas 10 horas, que, mesmo que não existam, serão bem agradáveis.

Abraço!