terça-feira, 17 de março de 2009

Embarcando no Transatlântico da Maionese

Oh man, é com grande alegria que lhes digo que não consigo ficar muito tempo sem escrever aqui, ou em qualquer lugar. Alegria minha, não sei a de vocês, mas é com alegria maior ainda que digo que tem gente que também gosta das coisas que eu escrevo e do jeito que eu escrevo as coisas que eu escrevo, mesmo que alguns trechos fiquem praticamente ilegíveis mesmo pra mim, que foi quem criou e coisa e tal.
Os motivos de eu não conseguir ficar sem escrever é o de sempre, e ao mesmo tempo sempre tão novo: a cabeça não cala a boca. Passa um tempo sem que eu expresse os meus pensamentos, e eu começo a ver coisas que eu não veria se não estivesse com a cabeça cheia de pensamentos (ou usando drogas, mas não é o caso), como por exemplo, ver uma formiga passar e ter revelações filosóficas sobre qualquer coisa, e isso é comum. Pode ser uma revelação antiga, reciclada, mas uma revelação é sempre uma revelação, e a cada uma nova muda o jeito de ver a vida, muda tudo, e isso é uma beleza, deixa o espírito pronto pra enfrentar a eterna novidade do mundo.
Outro motivo é por que eu viajo demais nas idéias também. Vide parágrafo anterior.
E isso agora não está acontecendo só no âmbito da escrita e da intelectualidade e pseudointelectualidade, mas também na música. Como os com capacidade mnemônica mais bem exercitada vão poder se lembrar, eu comecei mês passado um curso de piano, e isso me fez pensar em algumas coisas (diga, existe alguma coisa que não surta esse efeito em mim? Eu não saberia responder). Por que depois que comecei a aprender, eu passei a enxergar a música de um modo diferente. Eu, que estou ha pelo menos cinco anos mergulhado na música por causa do coral e das amizades, me impressionei com o aumento da minha sensibilidade nesse campo depois de começar o tal curso. Passei a perceber coisas que antes eu não percebia, passei a lembrar mais facilmente de músicas sendo que antes era preciso ginástica mental pra fazer isso, entre outras mudanças. Então, a conclusão desses pontos desconjuntados, é que por mais que tu saiba algo, tu ainda não sabe nada de nada. Antes de começar o curso, eu era um completo ignorante a respeito da música. E só vou passar da faixa da estupidez em relação a isso se me esforçar muito, mesmo tendo essa minha facilidade natural de sugar conhecimentos e mudar de opinião.

E esse final de parágrafo me remete a outro assuntinho que eu andei pensando nesses dias. Para exemplificar, vou usar um exemplo bem corriqueiro.
Aula de física. Professor explicando a matéria. Depois de explicar, passa a lista de exercícios a serem feitos. Depois de feitos, pergunta se a turma entendeu. E é aí o pulo do gato que eu quero chegar.
Qual é o seu conceito de “entender” algo? Eu quase nunca consigo dizer que entendi bem alguma coisa, assim logo que o professor pergunta, mas baseado no meu passado posso dizer com segurança e conhecimento de causa que se não entendo de cara não é por que sou burro, mas tem a ver com o meu conceito de entender. Se eu disser que entendi, pode esperar um 10 na próxima prova, ou um 9, mas os erros vão ser falta de atenção ou monguisse de minha parte mesmo.
E essa coisa não se restringe a conceitos, pode-se ver em um monte de coisas. Cores, sabores, etc, ninguém sabe se é o mesmo pra todos. Sentimentos, então, nem se fala. Quando alguém diz que morre de amores por outro alguém, isso talvez nem signifique nada, ou talvez signifique, depende quem diz né. Em época de eleição, os “hinos” dos candidatos adoram isso, enchem-se de palavras bonitas que apenas uma em cada 50 pessoas saberia dizer de fato o que é. Poetas passam dias e dias escrevendo para explicar o que é o amor para eles. É um intento meio impossível, mas rende bons versos, meu amigo Camões que o diga (“amor é contentamento descontente”, nada melhor).
Eu cheguei a mentalizar algo, uma “representação gráfica de como se comporta a mente humana e o universo criado por ela” (no melhor estilo trabalho escolar), que desse uma idéia do que eu quero dizer com tudo o que eu disse. Imagine uma bolha. Essa bolha é sua mente, e o universo criado e percebido por ela. Agora imagine várias bolhas, e perceba que essas são as outras pessoas e seus respectivos universos particulares. Conforme a proximidade do centro, a substância da bolha vai ficando mais resistiva ao avanço de algo que tenta penetra-la, ou seja, quando outra bolha tenta ocupar o mesmo espaço da sua bolha, forma-se uma zona de intersecção (sempre quis usar isso fora da aula de matemática) que seja até um máximo de onde não consegue mais seguir adiante, e nessa zona de intersecção está tudo o que você tem de comum com outra pessoa, ou que pode explicar para ela. O resto é totalmente seu, e felizmente ou não nunca vai conseguir explicar satisfatoriamente para ninguém. Exemplificar coisas que estão nesse grupo é trabalho para você e sua reflexão de hoje (ah é, até parece).

E estou escrevendo tudo isso por que estou lendo um livro sobre Inteligência Quântica, que seria meio que a explicação “científica” (por enquanto e por precaução, imagine muitos milhões de aspas juntas a essas aí) do Segredo. E no livro o cara fala sobre ceticismo e outros grupos que comem criancinhas no café da manhã. E comenta que é bom ser cético (sempre avaliar se uma idéia é boa o suficiente para substituir uma já existente) mas ser cético demais é tenacidade, o que em bom português é ser teimoso. O problema, é que o conceito de cético bom não é o tipo de coisa que está na zona de intersecção da minha mente e da do autor daquela coisa, então não sei agora o que eu penso sobre isso e sobre mim mesmo.

Será que sou cético? Será que não conseguir engolir um misticismo antigo fantasiado de ciência e embalado em palavras científicas, mesmo que acredite em sua eficácia porém não concorde com suas causas, é teimosia e cabeçadurismo da minha parte? Será que isso importa? Será que Capitu traiu Bentinho, ou isso foi uma ilusão muito bem criada pelo Machado idolatrado salve salve?

Esses e outros mistérios você pode responder nos comentários, ou esperar que um dia eu chegue lá sozinho, neste mesmo batcanal, neste mesmo bathorário (ou não).

batAbraço!

4 comentários:

Anônimo disse...

Caraaaaaaca!! Bota viajar na maionese nisso! Putz!
Hehe!
Mas gostei de ler.
=]
Por falar nisso, ontem eu tava lendo um livro (infantil) que falava sobre a música e os instrumentos e, na lista de índice, havia assim:

- Arranhar, dedilhar, machucar
- Instrumentos de Cordas -

- Batucar, bater
- Instrumentos de percurssão -

Me chamou atenção que a autora usou ações bem "primitivas", bater, machucar, arranhar.

Aí, segue vinheta de Ana levantando a cabeça e mirando em direção ao absoluto nada. Hehe.
Aí fiquei viajando na maionese e pensando na nossa ligação com o "homem primitivo" e como nossas mais sofisticadas e complexas ações são relacionadas à esses instintos.

:)

Bjú!

Antônio Dutra Jr. disse...

Tu tá fumando maconha, só pode.

Candy disse...

Adorei a ideia das bolhas!
boa analogia. Fiquei imaginando e balançando a cabeça concordando!
kkkkkkk

livro sobre inteligencia quantica?
boa sorte, guri!
:S
hehe

beeeeijooo
e obg pelos parabens
o/
:*

Gisa Simpson disse...

Tem um selinho pra você lá no meu blog!
Beijinhos!!