quarta-feira, 4 de março de 2009

Notícias e Conto

Quinta-feira terminaram as minhas férias, mas só fomos para a escola para não fazer nada e receber o aviso que não pode mais pintar bixos. Agora é sério o aviso. Quero dizer, em todos os anos que houve o aviso o aviso foi sério, mas ano passado, por exemplo, que foi quando eu era bixo, ainda não tinha multa de mil a vinte mil reais para quem submetesse um bixo a qualquer grau de humilhação. Que sem graça. Só por causa dos caras retardados que afogam gente e que sodomizam bixetes eu não posso expressar a minha felicidade em ter novos colegas com um saudável batom na cara!
Mas pelo menos agora não morre mais ninguém.
Há menos que morra de cansaço. Por que bá, estudar cansa mais que trabalho, com certeza. Aqui falo o cansaço aquele de que a qualquer momento do dia que tu deitar, tu dorme. Esforço físico causa cansaço físico, e isso se resolve sentando e relaxando. Já esforço mental dá sono, e esse só se resolve dormindo, e isso descansa também.
No fim da segunda-feira, que foi quando a aula começou a valer, eu parei pra pensar de noite, e notei que eu estava com muita saudade de estar cansado. E na mesma hora matei a saudade, assim, instantaneamente. Mas preciso ser forte, e sangue de Jesus tem poder! Rsrsrs

Nada de legal para passar a vocês hoje, então vou postar junto com esse boletim de notícias um conto de terror que escrevi nas férias, (férias = aquele período de tempo que eu sinto muita saudade, muita muita muita saudade). É totalmente ficcional, e quero saber o que vocês acham dele que é o meu primeiro conto macabro.

Abraço!

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Amigo Virtual

Lícia o conhecia à apenas uma semana, mas já estava íntima de seus segredos, como não é raro neste tipo de relacionamento. Conhecera-o pela internet, e passou conversar virtualmente com ele desde então.
Descobrira que tinham muitas coisas em comum: livros, músicas, filmes, gostos em geral. Ela sabia que ele estava totalmente apaixonado por ela. Otávio deixava isso extremamente claro, mesmo sem dize-lo diretamente. Por isso, passaram a namorar através da internet, tendo as letras e os programas de mensagens instantâneas como mensageiros.
Depois da primeira vez que fizeram sexo virtual, Otávio enviou para ela a mensagem “Lícia, minha flor, acho que estou te amando”. Por um momento Lícia ficou totalmente sem resposta. Aquilo abriu uma profunda ferida no seu peito, uma ferida que ela sabia que nunca cicatrizaria.
E começou a se lembrar dos momentos felizes, do primeiro beijo, a primeira transa, as confidências, as aventuras, de como ele a chamava carinhosamente de “minha flor”, o amor... A cada nova lembrança, a ferida se abria mais, e por ela só não escoavam lágrimas por que essas já haviam terminado. Era uma dor muda, a pior.
Mas pior do que as lembranças boas, foram as que sucederam-se a elas. Uma tentativa de agrada-lo com uma surpresa, chegando em sua casa sem avisar. O susto. A outra correndo para se arrumar e ir embora, enquanto ele em vão tentava explicar-se para uma Lícia desamparada, sem ação. Tristeza. Apatia total no trabalho. Depois soube que ele se mudou, e isso não contribuiu nada para seu humor. “Eu o amava tanto”, pensava. “Desde os nossos quinze anos, descobrimos tudo juntos, como ele pôde fazer isso comigo?”. Mais tristeza.
Depois de dois anos de zumbi, depois que todos os amigos a abandonaram quando perderam as esperanças de resgatar sua felicidade, tomara sua decisão. E agora estava ali, conversando com Otávio, que indagava a alguns minutos por que ela não respondia.
Parou os devaneios e inventou uma desculpa qualquer para justificar a demora, e continuou conversando. Admirou-o pela webcam, e pensou “Ele é perfeito”. Antes de ir embora, ele ainda comentou que teria que deletar o seu histórico de mensagens, para o caso da sua namorada querer olhar as mensagens dele. “Eu te amo”, justificava ele, “mas quero evitar problemas deste tipo com a minha namorada. Quando eu terminar com ela, nada nos impedirá de fazermos o que quisermos”.
O fato de ele ter namorada não a incomodava tanto quanto se poderia esperar. Lícia, na verdade, dissera a ele que também tinha namorado, por isso apagaria o seu próprio histórico. Otávio saberia da verdade na hora certa. Uma coisa pequena como essa não atrapalharia nada.
Mais alguns dias depois, Lícia não suportou mais e marcou um encontro com Otávio, na casa de Otávio. Ele foi pego de surpresa, mas disse que tudo bem, a casa e ele estariam esperando ansiosamente a sua visita. Sugeriu até que fosse no sábado, para que tivessem mais tempo para se conhecer pessoalmente.
No dia marcado, Lícia estava um pouco nervosa, não por medo, como qualquer uma estaria no seu lugar, mas por que não queria que nada saísse errado. Já se desapontara demais para uma pessoa só. Arrumou-se, pegou o que precisava e foi para a casa de Otávio.
Chegando lá, Otávio a recebeu com um lascivo beijo, o qual foi correspondido a altura. Ele era tão irresistivelmente lindo quanto parecia pela webcam. Lícia entrou, e Otávio fechou a porta.
Os vizinhos ouviram gritos, mas quando a polícia chegou só havia um corpo dentro de casa.

***

De manhã cedo, Lícia estava em sua casa, assistindo ao noticiário matinal. O sabor da vingança lhe era estranho, mas estava gostando. Em seu regozijo, lambuzava-se e ainda escorriam gotas de sangue até o chão, quando no noticiário informaram do assassinato brutal de um homem que foi identificado como sendo Otávio Meirelles. Os peritos declararam que o assassino, ainda não identificado, tinha usado um objeto como uma adaga para dilacerar o corpo da vítima.
Lícia não demonstrou reação. Eles não mostrariam, mas o assassino havia retirado o coração da vítima, e ele não se encontrava na cena do crime. Por que estava agora no colo de Lícia, parcialmente consumido, como símbolo do início de uma sangrenta vingança contra todo um gênero.
E com esse pensamento, Lícia finalmente sorriu.

5 comentários:

Kari disse...

Como assim, Marquinhos?
MARAVILHOSO DEMAIS!
Estava com saudade dos teus contos... Lembro daquele da casa mal assombrada que tu escreveu... Mas esse? Perfeito demais...
Tu tem dom, guri, e isso ninguém te tira..

Beijão pra tu

Candy disse...

@@
Isso foi totamente Criminal Minds (vc assiste?)!!!!!!!!!

Ei, muito bom o conto!
huhuhu
me mata de orgulho essa coisinha pequena que ta crescendo!
:D

:***

Anônimo disse...

cara, ja te falei, né? escreva mais coisas assim. Achei genial msm. Parabéns!!

Antônio Dutra Jr. disse...

"Por que bá, estudar cansa mais que trabalho, com certeza."

Cara, isso foi, sem a menor dúvida, a maior heresia que tu já escreveu em toda a tua vida. Daqui a dez anos voltamos a conversar sobre isso, e eu te pago uma viagem pro Nordeste se tu continuar com esse pensamento.

Herege!!!!

Um abraço!

Gisa Simpson disse...

Meudeos!!

Cara... eu quero ler um livro seu algum dia!
Você tem uma capacidade extraordinária para escrever. E a forma como deixa sempre 'algo no ar' é incrível e faz com que a gente não sossegue enquanto não chegue ao final. É fantástico!!
PS: Não sei se você fez de propósito ou se sou eu que sou muito 'mente poluída', mas na parte "Os vizinhos ouviram gritos" eu pensei: "WOW... eles transaram pra valer..." ihihih
Desculpa. Sou louca.
Ahhh... fiquei sem passar por aqui porque faz 255 anos que não acesso meu blog.
Beijos.
PS: Posso publicar uma história minha em meu blog?(Com todos os direitos e links, claro)
Beijos de novo