sábado, 8 de maio de 2010

Deficiência

Deficiência, segundo o dicionário, é uma “imperfeição, falta, lacuna”. Deficiente, então, é alguém que tem alguma característica ruim que foge ao normal, comum, da maioria. Um cego, por exemplo, é alguém em que falta a visão, no surdo a lacuna é a audição, no deficiente mental a agilidade nas ideias, o discernimento etc.
Mas aqui eu quero falar de uma deficiência mais sutil, que me atormenta desde antes que eu a percebesse. Não consigo gostar de outra pessoa.
O que, é claro, tem suas exceções. Minha mãe, por exemplo, é uma pessoa que eu amo, que é essencial para mim, e portanto está fora disso. Meus amigos, a quem dispenso um amor diferenciado e lindo também podem se considerar fora de perigo, por que eles também estão no meu coração. Quando digo que não consigo gostar de alguém me refiro àquele amor de que os poetas falam, àquele amor de suspirar por alguém que está longe (ou perto; não sei se o suspiro deixaria de vir com a pessoa ao lado).
Eu olho os outros, amigos e conhecidos, todos com suas namoradas. Tão bonito, as relações simbióticas que se formam, um fazendo parte do outro, ambos se amparando e sendo uma referência firme num mundo de conceitos moles. Um é “essencial” para o outro, como eu falei da minha mãe e dos meus amigos. Só que com a mãe é diferente: ela está lá desde sempre, e há algo no amor de mãe que sempre foi e sempre será, por mais que se brigue e se discuta ela nunca deixa de ser mãe. Com os amigos também é diferente: embora sejam próximos, eles apenas fazem parte da nossa vida, não compartilham da “mesma” vida, como nas simbioses que eu falei ter visto entre os meus amigos e suas respectivas namoradas.
É aí que eu chego na parte da choradeira, que você leitor estava torcendo para que não chegasse, que fosse apenas uma brincadeira. Até suponho que estranhem eu estar falando de um assunto assim tão próximo da Terra, esquecendo por um momento as questões transcendentais da religião (fiz um retiro por esses tempos, onde pude constatar que o meu ateísmo é firme, forte e está aí para ficar; mas que, porém, não me impede de ser não só tolerante em relação à religião de modo geral, como também tratá-la de forma utilitária para fins de bem-estar psicológico [ponto pacífico: felicidade, bem-estar e prazer é diferente de realidade e verdade; pode-se ter as primeiras mesmo aceitando as segundas]) e da ciência. Mas é que esse (a deficiência) é um assunto em que tenho pensado muito ultimamente.
Eu quero ter alguém próximo de mim, com amor verdadeiro. Coisa de filme. Coisa de menininha, podem dizer, só que para mim é um avanço e tanto assumir essas coisas.
O ruim, o porquê de eu achar que tenho essa deficiência, é que eu não acho a pessoa que pode preencher essa lacuna. Existem muitas meninas bonitas, muitas simpáticas, a maioria já tem namorado, nenhuma que me inspire a “simbiose”. Pode ser porque eu penso no significado de “para sempre” e “eterno”. Pode ser porque eu sou individualista demais e não admito que alguém entre na minha vida. Pode ser porque nenhuma parece ser boa o suficiente. Pode ser porque eu sou imaturo e não consigo lidar com a responsabilidade de ter o sentimento de alguém nas mãos.
Pode ser por uma miríade de coisas. E não sei por qual delas é realmente. Só sei que esse sentimento me falta e que na busca por ele muitas pessoas (que não têm a mesma deficiência que eu, que tem facilidade de se entregar) saem machucadas. Eu quero um pouco de constância nesse mar de hormônio e um pouco de chamego nesse mundo de espinho. (poético, né? Deve ser o fundo do poço.)

Tem seis bilhões de pessoas no mundo. Três bilhões são do sexo feminino. Matematicamente é impossível que entre elas não exista uma que dê certo comigo. Mas e se eu já a conheci e deixei passar? Certas coisas são únicas na vida.

...

Paro por aqui, antes que eu deprima algum leitor, que tem os próprios problemas com os quais se entristecer. Se quiserem deixar algum conselho, ou mesmo um oi, deixem nos comentários ou me mandem um e-mail, ;’)

Abraço!

2 comentários:

Antônio Dutra Jr. disse...

Bueno, após a grande explanação do teu xará, sobra pouco para eu dizer. Mas sobra, e vamos por partes:

1) Só tive realmente a consciência de quem é o amor da minha vida aos 24 anos, sendo que;

2) a conheci aos 17, ou seja, um ano mais velho do que tu tem hoje (ou tu já tem 17 e eu tô viajando? Esses dias errei até a idade da Dani, acredite...);

Apesar de perfeitamente plausível, teu relato é típico dessa fase, meu caro maninho. Sei que é difícil assimilar o que eu digo agora, mas um dia tu vai enxergar que tem, sim, muito tempo pela frente até encontrar o amor verdadeiro e vivê-lo da melhor maneira possível. Deste um importante primeiro passo, que é admitir que precisa. O segundo, daqui pra frente, é não procurar. Usa o conselho do teu parceiro acima, e deixa o tempo agir na tua vida. Sei que isso não combina com teu estilo racional, mas é necessário.
Do jeito que tu é gente boa, galanteador e pau no mato, tenho certeza que o destino te reserva uma bela pinguancha. =)

Abraço!

Rívia Petermann disse...

Eei

Ótimo blog....
Ateísmo,a deficiência.Inevitavelmente,me isentifiquei...


Sei como deve ser rotulado devido à presença dessa tal deficiência:frio,insensível,individualista,etc...
E,quando se para pera pensar nisso,pergunta-se:o problema está mesmo em mim,ou não...
Honestamente,nunca cheguei a uma resposta concreta...

Abraços!